quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Grafologia


Empresas analisam letra para conhecer candidatos

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Escrever à mão talvez não faça mais parte da rotina de muita gente, mas pode ser determinante na hora de garantir um emprego. O exame grafológico, no qual a letra do candidato é analisada para identificar traços da sua personalidade, consolidou-se na última década como parte do processo de recrutamento de empresas brasileiras e hoje ainda é prática recorrente em muitos departamentos de recursos humanos. Por ser um serviço caro, feito sob medida para cada candidato, o exame é usado geralmente apenas na reta final da seleção para cargos de liderança.

O vice-presidente de pessoas da Embraer, Julio Franco, tem tanta confiança na técnica que brinca que "não admite mais genro em casa" sem passar pelo exame. A empresa usa a análise há oito anos em processos de contratação para funções de comando e promoção interna. Franco ressalta que a avaliação é o complemento de um processo que inclui entrevista, provas e resolução de casos. "Ela ajuda a esclarecer muita coisa que aparece nos demais testes."

Na rede de concessionárias Sinal, com 2.500 funcionários, a gerente de RH Isabel Cristina Salomão Martins adotou a técnica em diversos processos internos como seleção, avaliação de potencial e promoções, com o objetivo de desenhar as competências de quem entra no grupo. Quando surge uma oportunidade de crescimento, a pessoa repete o teste. Embora também aplique outras formas de avaliação, Isabel admite que se algum sinal indesejado for detectado no exame de grafologia o candidato pode ser eliminado. "Sempre que damos o feedback, as pessoas não conseguem negar o que apareceu no relatório", garante.

Fundada em 1977, a Sociedade Brasileira de Grafologia (Sobrag) tem hoje 80 integrantes habilitados a aplicar o exame - número que dobrou desde 2005. Além de supervisionar a formação na área, a Sobrag oferece treinamentos de até 75 horas para profissionais de recursos humanos, que permitem análises preliminares da letra de candidatos.

A equipe inteira de Franco passou por cursos desse tipo. No entanto, o exame completo só pode ser aplicado por um grafólogo. Esse profissional precisa ter formação superior em qualquer área e dois anos de estudo da técnica da grafologia, além de pelo menos 80 horas de análises supervisionadas pela Sobrag.

Embora tenha se popularizado no Brasil, a grafologia ainda enfrenta resistência. A headhunter Frima Steinberg, da Steinberg RH, que usa o serviço para selecionar executivos há seis anos, revela que é comum encontrar profissionais e empresas que, a princípio, não acreditam na técnica. Ela garante, contudo, que o exame é essencial para fazer as escolhas certas em seu trabalho. Frima diz ter recolocado, por exemplo, dois executivos recentemente no mercado após abordar as empresas com um mapa de potenciais desenvolvido a partir dos resultados da avaliação grafológica.

Para realizar o teste, os grafólogos pedem uma redação de pelo menos dez linhas sobre qualquer tema, escrita à caneta em uma folha sem linha, sempre acompanhada de assinatura. Nem todos os recrutadores solicitam autorização para analisar a letra do candidato antes de ele desenvolver o texto. Os grafólogos, porém, garantem que essa informação não influencia o resultado, pois é impossível "enganar" o cérebro. A Sobrag deixa o pedido de autorização a cargo do grafólogo, mas diz que não costuma receber reclamações de trabalhadores que se sentiram lesados ao passar pela análise sem saber.

Segundo a grafóloga Luísa Medeiros, que oferece o serviço desde 1989, até o início da década passada o exame só era aplicado nas contratações em multinacionais, pois a técnica é mais difundida na Europa. Hoje, ela tem até microempresas entre seus 30 clientes. Também houve mudança na forma como o exame é aproveitado e, além de ajudar a selecionar novos colaboradores, tornou-se comum fazer análises de funcionários já contratados para mapear habilidades.

Outro serviço que está se popularizando é o uso da grafologia como ferramenta de orientação de carreira. Cristianne Cestaro Valladares, que possui sua própria consultoria e é assessora da presidência da Sobrag, oferece o exame com essa função - geralmente aliado ao serviço de coaching. Nos últimos seis meses, ela já atendeu mais de 30 profissionais em busca de autoconhecimento por meio da análise da própria letra.

Maria Lucia Mandruzato, gra fóloga que já atendeu mais de 400 empresas ao longo de 19 anos, a análise envolve três partes: primeiro o grafólogo identifica, dentre mais de 600 possibilidades, traços na letra da pessoa que estão relacionados a características pessoais como facilidade para se comunicar ou habilidade com a matemática. Em seguida, esses traços são relacionados, o que faz com que algumas particularidades sejam potencializadas ou minimizadas.

A partir desses resultados quantitativos, a especialista faz um relatório qualitativo, que é comparado com o perfil traçado pela empresa. Quase sempre as características se dividem em essenciais, desejáveis, indesejáveis e eliminatórias. A maioria dos recrutadores diz que usa as análises apenas como fator subsidiário. Maria Lucia diz que os candidatos não devem se preocupar em "passar" no teste. "Não adianta tentar manipular ou fazer a letra mais bonita do que o normal", explica.

Os grafólogos garantem que os resultados são exatos e as empresas que fazem uso do serviço costumam confiar neles. Franco conta que já viu casos de pessoas que não se saíram tão bem no exame e ainda assim foram contratadas - muitas delas, porém, saíram da empresa tempos depois. Ele enfatiza, no entanto, que existem situações de promoção interna em que os resultados de um funcionário contrastavam com a personalidade que os colegas conheciam. Nesse caso, prevalecem as entrevistas e as conversas com a equipe.

Frima conta que certa vez encontrou um profissional extremamente qualificado para uma função de engenharia, mas que o candidato decepcionou no exame grafológico. A empresa o contratou mesmo assim e forneceu um serviço de coaching para desenvolver as habilidades detectadas como deficientes. "Em alguns anos, o profissional fez o teste novamente e os resultados haviam melhorado."

Por Letícia Arcoverde | De São Paulo (Valor econômico)

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