Com o recuo geral na taxa de crescimento da economia, a indústria, que apresenta um quadro de estagnação desde pelo menos 2011, perdeu o fôlego na criação de empregos. Nos setores desonerados, o emprego formal ainda cresceu, mas deu origem a um número de vagas 40% menor nos cinco primeiros meses do ano em relação a igual período de 2011. Foram abertos 67 mil postos no ano passado e 41 mil agora. O desempenho na indústria como um todo foi bem inferior, com a abertura de novas vagas recuando 53%. O setor de couro e calçados ficou praticamente estável, com redução de apenas 5% na criação de vagas.
A queda na geração de empregos foi observada em levantamento feito pelo Valor com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho. A pesquisa considerou atividades vinculadas aos setores com desoneração da folha e atingiu 36 mil empresas - quase 86% dos estabelecimentos incluídos na medida.
"Um primeiro efeito das medidas é aumentar o nível do emprego com a geração de vagas. Mas os números mostram que ela não foi suficiente para compensar a queda na demanda pelos produtos desses setores e a forte entrada de bens estrangeiros", diz o economista José Márcio Camargo. Em maio, as demissões nas fábricas de artigos de couro e calçados superaram as admissões em 2 mil vagas. O resultado, porém, foi melhor que o do mesmo período de 2011, quando foram fechados mais de 4 mil postos.
O benefício tributário na folha de pagamentos deve ter impacto mais acentuado no segundo semestre. "No início do ano, em geral, o mercado de trabalho não é muito aquecido. O efeito deve ser maior na segunda metade do ano, quando há o pico de produção da indústria", prevê o coordenador de relações sindicais do Dieese, José Silvestre Prado.
Fonte: Valor Econômico
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