Estabilidade econômica, classe média emergente,
sede de grandes eventos esportivos como Copa e a Olimpíada... Por esses e outros
motivos o Brasil vem se tornando, cada vez mais, o destino certo para empresas
estrangeiras. Por outro lado, a complexidade da legislação tributária deixa
inseguros ou até mesmo afasta investidores que pretendem fazer negócios no País.
Baseado em sua experiência de 16 anos com clientes internacionais, o advogado
especialista em direito tributário David Roberto R. Soares da Silva acaba de
lançar Brasil Tax Guide for Foreigners, ou algo como Guia Tributário do Brasil
para Estrangeiros (2011, Editora Eskalab, SP, 356 páginas). Apenas com versão em
inglês e à venda na Amazon.com e no site da publicação, o livro é uma forma de
"explicar para a gringolândia a bagunça do sistema tributário no Brasil",
segundo brinca o especialista. Como exemplo das diferenças, destaca-se os
Estados Unidos, onde só existe o Salestax (ou Imposto sobre Vendas). Ou a
Europa, onde há só o Imposto sobre Valor Agregado (IVA). "Aí, em vez de um, o
estrangeiro chega aqui e encontra IPI, PIS, Cofins... Enfim, um tributo
diferente para cada tipo de atividade. Já o IVA, que é parecido com o Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), se diferencia
porque se aplica a qualquer tipo de operação. Sem contar que lá não existe a tal
guerra fiscal", disse. Além de explicar a hierarquia das normas tributárias, o
livro procura traduzir e esclarecer de forma simples as siglas mais comuns dos
impostos brasileiros, como IRPJ, IPTU, ISS, IPVA e outros, e como se interpõem.
Aborda também questões como quebra de sigilo bancário, conflitos entre leis
brasileiras e internacionais e a já citada guerra fiscal, assim como informa
regras para empréstimos, registro de capital estrangeiro para investimento
direto e para mercados financeiro e brasileiro de capitais. Palestrante há mais
de 15 anos em direito tributário e investimentos estrangeiros no Brasil e no
exterior, Silva, que também escreve semanalmente para revistas norte-americanas
sobre impostos, tem mais de 1,2 mil artigos publicados sobre o tema. "Quis
ajudar a criar uma literatura acessível ao estrangeiro que não é familiarizado
com a área tributária nem a legislação brasileira. E que não fosse exaustivo,
para explicar de forma objetiva como funcionam os impostos." Baixo risco –
Projeção da Sociedade Brasileira de Estudos e Empresas Transnacionais (Sobeet)
aponta que, hoje, o Brasil atrai 5% do fluxo global de investimentos produtivos.
Isso porque há baixo risco para entrada de capital estrangeiro em comparação com
outras economias, afirma Silva, que também é sócio do escritório Batella, Lasmar
e Silva Advogados. "O Brasil vive um momento bom, tem moeda forte e projetos em
andamento. E saber como funcionam os impostos é essencial para os novos
investidores." Ao comentar a alta carga tributária registrada pelo Impostômetro,
da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Silva afirma que, mais do que o
valor dos impostos, o que mais assusta o investidor estrangeiro é a complexidade
das operações tributárias e obrigações acessórias (declarações federais,
estaduais e municipais). "Muitas vezes, o empresário incorre em multas por
desconhecimento, já que o custo de manter essas obrigações é alto." Se, por um
lado, ele se recorda de um caso concreto – um cliente seu da área de tecnologia,
que desistiu de fixar atividades por aqui em menos de um ano devido à
complexidade tributária para desenvolver suas operações –, Silva cita outros que
estão de olho no Brasil. Como uma empresa espanhola, que considera o País "a
salvação dos negócios", estagnados na Europa, e uma outra, finlandesa, para quem
o Brasil é a prioridade número um. "Entre os quatro Brics (o bloco formado pelos
emergentes Brasil, Rússia, Índia e China), por exemplo, somos os mais próximos
da cultura e da economia ocidental. Além de uma das poucas opções onde é menos
arriscado investir", afirmou. Karina Lignelli
|
0 comentários:
Postar um comentário