No ano passado, Laura Benetti passou quatro semanas num região rural da
Índia, ajudando mulheres a examinar costuras e definir preços de confecções que
seriam vendidas vendidas em mercados locais.
Depois de trabalhar nove horas por dia, ela e mais nove colegas dormiam em
uma pousada frequentada por gente da comunidade, com pouco acesso a eletricidade
e água quente. Benetti, de 27 anos, coordenadora de alfândega e comércio
internacional da Dow Corning Corp., considerou essa temporada um trabalho
gratificante.
A Dow Corning faz parte de um número crescente de grandes empresas, como
PepsiCo Inc., FedEx Corp., Intel Corp. e Pfizer Inc., que estão enviando
pequenas equipes de funcionários para países em desenvolvimento como Índia,
Brasil, Gana e Nigéria, para prestar consultoria gratuitamente a organizações
sem fins lucrativos e outras entidades. Um dos principais objetivos: descobrir
oportunidades de negócios em mercados emergentes promissores.
Apesar da perspectiva de passar longos dias de trabalho em ambientes nada
confortáveis, muitos funcionários consideram essa experiência em outros países
como um verdadeiro prêmio. Normalmente, há muito mais candidatos do que vagas: a
Intel, por exemplo, diz que apenas cerca de 5% dos candidatos conseguem uma vaga
no seu Corpo de Serviços de Educação.
Embora seja considerado um trabalho "voluntário", os funcionários em geral
continuam recebendo seu salário normal durante essas temporadas, que geralmente
duram de duas a quatro semanas. Os programas atraem os funcionários que desejam
desenvolver novas habilidades e doar seu tempo e conhecimentos aos que mais
necessitam — ou, simplesmente, quebrar a rotina.
"Isso dá mais sentido à carreira", diz Benetti.
Pelo menos 27 das empresas que integram o ranking Fortune 500 das maiores
corporações americanas têm programas desse tipo atualmente, em comparação com
seis em 2006, segundo pesquisa da CDC Development Solutions, organização sem
fins lucrativos de Washington que projeta e administra esses programas.
A um custo que vai de US$ 5.000 até mais de US$ 20.000 por funcionário, os
programas requerem um investimento significativo. Para a International Business
Machines Corp., que tem o maior desses programas de executivos voluntários, o
custo é de cerca de US$ 5 milhões por ano.
A IBM já enviou 1.400 funcionários a diversos países desde 2008 pelo seu
programa Corporate Service Corps. Os projetos já geraram planos para reformar o
sistema postal do Quênia e desenvolver a indústria do ecoturismo na
Tanzânia.
A IBM atribui ao programa a geração de cerca de US$ 5 milhões em novos
negócios até o momento, incluindo um contrato, concedido em abril de 2010, para
administrar dois programas de serviços públicos no Estado nigeriano de Cross
River, diz Stan Litow, vice-presidente de cidadania corporativa.
A fabricante de silicone Dow Corning planeja avaliar 15 ideias relacionadas a
novos negócios, geradas pelos 20 funcionários que enviou à Índia desde setembro
de 2010, diz Laura Asiala, diretora de cidadania corporativa. Asiala não quis
dar detalhes, mas diz que a empresa "identificou oportunidades" em habitação
acessível, energia e outros setores, graças às observações dos voluntários.
Os programas geram boas relações públicas, tanto interna como externamente,
graças à cobertura dos meios de comunicação e aos blogs que muitos participantes
escrevem sobre seu trabalho em campo.
As empresas "ganham reconhecimento local da marca" nos mercados em que
desejam entrar, diz Deirdre White, presidente e diretora geral da CDC
Development Solutions.
Executivos das empresas também dizem que esses programas populares podem
ajudar a recrutar talentos de que a firma necessita e manter seus funcionários
mais talentosos.
A missões no exterior podem servir como um campo de treinamento para futuros
líderes. Caroline Roan, vice-presidente de responsabilidade corporativa e
presidente da Fundação Pfizer, diz que algumas das 270 pessoas que a gigante
farmacêutica já enviou a outros países descrevem a experiência "como um
mini-M.B.A.".
"Eles desenvolvem novas habilidades, em parte porque às vezes são colocados
em situações fora da sua área de experiência, o que tende a tornar as pessoas
mais criativas", diz ela.
Fonte: THE WALL STREET JOURNAL
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