quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Pacote de estímulo tributário é a aposta do governo para salvar a economia

Diante da certeza do crescimento zero e da ameaça de queda do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas do país) no terceiro trimestre, o governo aposta todas as fichas na operação de guerra que montou para reanimar a economia.
No arsenal à disposição, as preferências recaem sobre a desoneração de eletrodomésticos da linha branca (geladeiras, fogões e máquinas de lavar) e a redução de tributos para financiamentos e investimentos, mas, sobretudo, sobre os cortes sucessivos da taxa básica de juros (Selic).
A missão imediata de todas as medidas é evitar o pior: salvar o Natal e evitar a recessão ainda este ano. A curto prazo, porém, a meta é garantir uma expansão próxima a 4,5% em 2012.
Com o resultado dos dois últimos trimestres do ano praticamente dados (para o intervalo de julho a setembro, o governo já admite crescimento zero), a expectativa é de que as medidas anunciadas na quinta-feira passada tenham um efeito psicológico positivo sobre consumidores e empresários.
Para especialistas (a maioria prevê PIB negativo no terceiro trimestre), o governo tenta quebrar a inércia que arrasta o país para o fundo do poço.
Abaladas pelas notícias de piora da crise na Europa e preocupadas com um elevado grau de endividamento, as famílias já haviam botado o pé no freio nos gastos. Agora, resta saber se a redução de tributos e a facilitação do crédito vão realmente reanimá-las a consumir.
Por seu turno, as empresas também andaram cancelando investimentos. “Esse é o círculo vicioso que o governo tenta quebrar com as medidas de estímulo”, observa Luis Otávio de Souza Leal, economista-chefe do Arab Banking Corporation (ABC Brasil).
A divulgação do PIB do terceiro trimestre, na próxima terça-feira, deve comprovar os danos causados pela confiança do consumidor em baixa e por uma indústria em recessão.
O quarto trimestre, avaliam especialistas, deve ser melhor. Mas, ainda assim, os dados preliminares do período não prometem robustez.
“Aumentaram as evidências de maior enfraquecimento da atividade econômica no fim de 2011”, afirma Aurélio Bicalho, economista do Itaú Unibanco.
“As perspectivas para o cenário internacional continuam recuando, elevando as chances de surpresas negativas”, emenda.

Recessão

Dos segmentos da economia, a indústria tem se mostrado o mais fragilizado e um dos que mais puxam o PIB para baixo.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que as fábricas brasileiras amargaram desempenho negativo por três meses seguidos, o que, para os economistas, é muito grave.
“A crise ainda não se fez sentir efetivamente no Brasil. Essa desaceleração, em grande parte, deve-se a políticas macroprudenciais adotadas no início do ano para frear a economia”, argumenta a economista Zeina Latif, ao lembrar que o país ainda será afetado mais fortemente pelos desdobramentos da crise da dívida do euro.
Leal se revela surpreso com a freada brasileira. “Foi forte demais. O governo e o mercado se surpreenderam com o tamanho da desaceleração”, diz. Para Marcelo Carvalho, economista do BNP Paribas, os problemas globais conspiraram junto com o impacto do aperto monetário (no início de 2010) para enfraquecer a economia em 2011.
O breque no PIB se traduz em números: o consumo de energia no comércio caiu 2,07% entre o segundo e o terceiro trimestre; a produção de veículos desabou 9,52% entre outubro de 2011 e igual mês do ano passado; as vendas tombaram 11,28% no mesmo período. E mais: de 27 setores fabris pesquisados pelo IBGE, 20 recuaram no mês passado em relação a setembro.
Pelos cálculos do Itaú Unibanco, a desaceleração está disseminada por todos os elementos do PIB (veja quadro). Os investimentos, segundo a instituição, vão passar de um crescimento de 1,7% no segundo trimestre para um desempenho mais moderado, de 1%, no terceiro.
“Essa queda do investimento é que tem puxado o PIB para baixo”, constatou o economista e consultor Roberto Luis Troster.
A seu ver, o Brasil está repetindo, em menor escala, o quadro de 2008, quando a taxa de investimento despencou e arrastou a atividade econômica para o atoleiro.

Fonte: Notícias O Dia
FFFonte    

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